O princípio do fim.
A cidade estava silenciosa.
O mundo parecia parar para me receber. O vento soprava, e com ele levava as folhas secas das árvores para junto dos meus pés. O frio apoderava-se de mim. Mas a minha decisão estava tomada, e nada me faria voltar atrás nela.
A minha vida baseou-se em desilusões. Todos os que mais amava, todos os que outrora me haviam ajudado… Deixaram-me. Simplesmente deixaram-me. A minha vida mudou completamente quando os meus pais morreram. E foram eles que me manteram cá.
Mas agora, simplesmente deixaram-me. Eu não conseguia encontrar as forças para encontrar o que tinha perdido. Tudo tinha fugido das minhas mãos, tudo…
E tu…
Tu foste quem mais me desiludiu.
Tu, aquele em que tudo depositei, aquele que tinha o meu coração. Enganaste-me e abandonaste-me. Assim… Sem dor nem piedade que pudesse mostrar algum arrependimento. Eu não queria lutar mais. Eu queria-me entregar, fugir de tudo…
Os candeeiros iluminavam o meu caminhar, a minha angústia e os meus pensamentos… Os meus últimos pensamentos…
Ali, acabar-se-ia a minha dor e todas as desilusões que me causaram.
Não doeria mais.
Subi aquele muro que me ia ajudar a concretizar o meu objectivo.
Subi e sorri.
Vi mais uma vez aquela cidade onde perdi todas as minhas esperanças. Onde tudo era desilusão.
Os candeeiros iluminavam agora a água do Rio. Do meu rio. Da minha última esperança. Era para lá que eu ia, e era lá que eu ia aliviar todos os meus sentimentos.
Sorri, e mandei-me.
Atirei-me.
Deixei naquela ponte todos os meus sentimentos. Embati na água gelada, que me congelava, e aí senti, senti-me liberta de tudo…