É incrível a perspicácia que tens em conseguir avançar tão depressa.
Eu lembro-me.
Tu olhavas para mim enquanto eu dormia e sorrias. Abraçavas-me quando estava deitada a teu lado e falávamos sobre o mundo com o fumo do cigarro a esconder-nos dos outros. Amavas-me à chuva, ao sol e ao vento. Amavas-me sem fim e para o tempo eterno. Éramos doces crianças cheias do que o amor tem para dar.
Eu lembro-me. Lembro-me dos sorrisos, dos beijos e das coisas doces.
O fumo do cigarro foi-se com a corrente, assim como o tempo.
Não me chames.
Eu gosto de vozes afiadas assim como gosto de um abraço sincero. Não gosto da dor mas ela é precisa.
Não gosto de não gostar das coisas nem de te sentir falso. Quero olhar para ti e sentir o desejo que sentes pelas criaturas que amas.
Mundo, estás virado do avesso e já to disse. As palavras são para ser pensadas e não ditas ao acaso. Os sentimentos são para ter em conta e não para pôr ao lado, como tanta gente faz.
Não gosto destas coisas e tenho direito a dizê-lo. De nada valem poemas, imagens, contos e canções se não forem sentidos.
De nada vale o amor se não for louco. De nada vale a vida se não a aproveitarmos. De nada valemos nós próprios se não nos respeitarmos.