Por baixo do carvalho velho, cujo tronco é talvez da largura das mãos dadas dos Homens à volta do Mundo, revejo a Vida.
Assim como os raios do pequeno Sol que nos ilumina nos penetram com raiva e pormenor, os meus olhos invejam os teus.
Não por seres mais, não por seres melhor, mas sim por seres tão bonito, em toda a tua pessoa.
Por baixo do dito carvalho, mantêm-se as mentes impiedosas, sem medo do que virá.
És mais do que um pedaço de carne, és vida e alma, não em mim mas em alguém.
Não te permitirei, não diante de mim, que de novo voltes a espalhar ao Mundo que és nada.
Cala-te boca, pára de encher o Mundo com calúnias.
Se não o sabes, sei-o eu.
E, sem saberes, amo-te sem fim. E, não por meu amor mas sim por ti, não voltes a mentir.
Eles não sabem que tu és meu e que eu sou tua. Desconhecem a cor do teu sorriso quando ocultas as tristezas da tua matéria não-morta.
Dá-te a mim, hoje e todos os dias da tua vida. Despe esse pijama azul-claro que nada tem a ver contigo e entrega-te ao meu corpo que soa o teu nome.
Careco do teu desejo animal e quero-te tanto em tão pouco.
Somos nós, hoje. Como deve sempre ser.
Em determinadas noites, em que a Lua faz luz para que te consiga ver, em que jaz a confusão e reza a precariedade da solidão, vêem-se as pessoas abrirem as mentes às lacunas das suas ideias. Ideias vagas, sem argumentos nem regras. Dizem que sim porque lhes agitam a cabeça, assim como fantoches numa peça de teatro e dizem o dito por não dito.
Critica-se a pressão, a munipulação, os outros mas nunca, por Deus, o cérebro de cada um.
Somos dependentes dos outros, daí a falta de ideias próprias. Culpa nossa? Nunca.
Vivemos para morrer porque é assim que deve ser. Sonhamos para fugir da obrigação de ter que fazer porque não estamos pré-destinados a isso.
Fugimos eternamente porque sabemos que já estamos presos pelos outros, pelos que nos julgam ter.
Madame, tudo menos nós mesmos.
Não é um pedido, nem tão pouco uma ordem. É o desejo expresso em ti, no teu corpo e na coisa a que chamas alma.
Prometo-te, carne divinal, não te abandonar de maneira reles e cruel que é típica de mim. Vives em mim, para me conseguires deixar em paz.
Deixaste de ser tu no momento em que os corpos se uniram e se cantou uma canção a dois, a mais bela das canções.
O amor é só nosso e desta vez não pertence ao Mundo. Pertence a nós, ao desejo, aos dias e às chávenas de café que partilharemos.
És muito mais do que matéria e eu muito mais do que tua.