À minha frente vejo vidas cruzadas, onde uma rapariga de estatura média e gorda, de aspecto pegajoso e sujo, exibe na sua mão o seu belo cigarro. Ah, vidas dadas a vícios! Rapariga, rapariga, tão feia e carnuda és. Tens aspecto reles mas nem queres saber. Deitada no sofá vermelho parece um corpo ainda mais mole do que o que aparenta ser. Tem tão pouca vida para dar que até me dá sono a mim, espírito inquieto. Está doente ou faz por estar e, no meio da insanidade mental e da roupa suja, bebe um trago de vinho. Mal lhe vejo a garganta. Sei que se regalou pelos seus olhos, que desta vez se mostraram vivos e brilhantes. Deixo-a em paz, no meio da sua própria sujidade, enquanto me encontro em ti e me agarro ao pedaço de desejo que trazes contigo. Perdia-me em ti hoje, amanhã e até à eternedidade das nossas vidas. És apetecível, meu amor, e por ti trocava todas as dentadas de amor e de desejo que me oferecessem. 

publicado por Rita às 20:24 | link do post | comentar | ver comentários (2)