Perderam-se as tardes familiares em nos resguardávamos do Sol com o estore da sala completamente fechado e em que eu me enrolava em vocês e ele me dizia que eu era "uma beijoqueira", quando o abraçava para o beijar.
Nunca mais haverão jantares no habitual restaurante aos sábados, por volta das 19:30h. Já não há disso nem daquelas manhãs em que arrastava um de vocês para o jardim à frente da nossa casa.
Não há, nunca mais, viagens de carro em que eu perguntava a cada cinco minutos se já tínhamos chegado. Não há mais noites em que acordavam porque a menina tinha vomitado na cama e era preciso trocar os lençóis ou por uma toalha para remediar a saída dos restos do jantar.
Acabou-se a ânsia da tua chegada, naqueles dias em que ias trabalhar e eu só queria que tu chegasses para te ver e para te revistar a mala que trazia sempre qualquer coisa para mim.
Perdeu-se a necessidade dela dormir com a menina, porque a menina tinha medo do escuro. Aquelas vezes em que pegavas em mim e me levavas a passear de carro, só os dois, com a música a tocar, também deixaram de existir.
A menina já não vomita, já não tem medo do escuro e já não precisa de brincar. Não dá mais beijos nem vai ver a mala de ninguém.
Hoje, há uma menina, ele e ela.