Avó.
Vejo-te as pernas frágeis que se movem com ajuda de um pedaço de madeira polida.
Trazes sobre as costas que já carregaram duas vidas uma manta que te aquece o espírito e te livra do frio infernal. As vestes pretas, em honra do que já foi teu, parecem hoje ainda mais pesadas do que costumam parecer.
Já lá vai o auge da vida, o pico dos sonhos. O tempo em que tudo e o nada foram feitos, em que tiveste as maiores felicidades.
Hoje tens o rosto marcado pelas dores e pelos sonhos e é com gosto que percorro cada ruga tua e que te acarinho a mente. Não quero que chores mais por quem se foi e quero que nunca vás.
Assumo a tua doce fragilidade e levantar-me-ei por ti, minha doce jovem.
Amo-te do fundo do meu coração.